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Inter-relação entre doenças bucais e sistêmicas - Profa. Dra. Sônia Groisman*
26/12/2006
 
Dentro do conceito contemporâneo da etiologia das doenças bucais mais predominantes podemos considerar o fumo, o estresse, a depressão, a higiene bucal inadequada, as visitas irregulares ao cirurgião-dentista, o isolamento social e outros fatores psicossociais relacionados à ansiedade.

 Relação entre doença periodontal e doenças sistêmicas A doença periodontal pode aumentar a necessidade de insulina e as complicações do diabetes melittus e, assim, dificultar a resposta do tratamento, mas, com os cuidados necessários, é possível diminuir o processo inflamatório e reduzir a necessidade de insulina, permitindo o balanceamento do diabetes. A endocrinologia a define como a sexta maior complicação dos diabetes mellitus. Já os problemas respiratórios, cardíacos e até o derrame, também, podem ser agravados pela doença periodontal. Na gravidez, pode ser a causa de partos prematuros, no momento em que o mecanismo biológico é iniciado pelo acúmulo bacteriano, que promove uma resposta tecidual e resulta na liberação de substâncias que causam sucessivas contrações da placenta. Offembacker et al e Kinane et al mostraram que mães com problemas periodontais tinham risco 7,5 vezes maior de nascimentos prematuros e de baixo peso. O tratamento odontológico na gestante ainda é um mito a ser superado  pela Odontologia, pela obstetrícia e pelas próprias gestantes.

O exame periodontal deve ser feito sempre, principalmente se a mulher tem a intenção de engravidar, e também precisa fazer parte do pré-natal para que as gestantes possam ser tratadas e, assim, reduzir as chances de um parto prematuro (Jeffcoat, 2000).

O desenvolvimento de bons hábitos de higiene bucal pode evitar o aparecimento de diversos comprometimentos sistêmicos, inclusive úlceras, gastrites e câncer gástrico, que são causados pela presença de um grupo bacteriano específico que constitui uma das 300 espécies do biofilme bacteriano dental, o helycobacteri phylori.

A Tecnologia do Transxudato Mucoso Oral (OMT) permite, por meio da identificação de testes salivares (não invasivos e de resultados imediatos) a identificação de risco ao desenvolvimento das doenças, como a cárie, a úlcera, o câncer gástrico, a hepatite, o HIV, o sarampo e, também, o monitoramento de níveis terapêuticos de drogas (teofilina).

A conscientização dos novos conhecimentos permite às comunidades médica e odontológica um passo adiante no campo da prevenção, levando o bem-estar geral aos seus pacientes.

*Especialista em Cariologia; Professora da UFRJ e presidente da Aboprev.





Profa Sonia Groisman
email
sonia@dentistas.com.br
tel:021-9609-4702

    Terapia de Reposição Hormonal Contínua na Pós-Menopausa: Ênfase no Hormônio do Crescimento, Insulina, Fator de Crescimen-to Semelhante à Insulina I(IGF-I) e Proteína Ligadora 3 do IGF(IGFBP-3)

Denise Ginzbarg; Rosimere J. Teixeira ; Trude Dimetz ; Jodélia L.M. Henriques ; Hildoberto C. Oliveira.

Disciplinas de Endocrinologia e Ginecologia, Faculdade de Ciências Médicas (FCM), Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ.

RESUMO

A importância da terapia de reposição hormonal da menopausa (TRHM) na qualidade de vida na pós-menopausa é inquestionável. Entretanto, nem todos os efeitos determinados pelo seu emprego estão bem estabelecidos. Este estudo tem como objetivo avaliar a influência da TRHM sobre os níveis séricos do hormônio do crescimento (GH), fator de crescimento semelhante à insulina I (IGF-I), proteína ligadora 3 do IGF (IGFBP-3), glicose e insulina. Realizamos um ensaio clínico controlado, prospectivo, longitudinal e comparativo, no qual 53 mulheres na pós-menopausa, natural ou cirúrgica, foram submetidas ou não a TRHM contínua, durante um período de 6 meses, com estrogênios conjugados (EC-0,625mg/d) associados ou não ao acetato de medroxiprogesterona (AMP-2,5mg/d), pela via oral. As participantes foram subdivididas em 3 grupos: Grupo EC + AMP > 20 mulheres com útero, que utilizaram EC e AMP; Grupo EC > 20 mulheres histerectomizadas, que usaram EC; Grupo C > 13 mulheres, sem TRHM. Ao início e ao final do estudo foram realizadas as dosagens basais do GH; IGF-I e IGFBP-3. Também realizamos o teste oral de tolerância à glicose (TOTG) de 2 horas, com determinação dos níveis de glicose e insulina; a área abaixo da curva (AAC) de glicose e de insulina e o índice de resistência à insulina (IRI). O emprego da TRHM reduziu os níveis do IGF-I no EC + AMP (p= 0,01) e EC (p= 0,0007), sem alteração nos níveis do IGFBP-3. Os níveis do GH se elevaram mediante a TRHM, (EC + AMP: p= 0,004 e EC: p= 0,0003), entretanto, as concentrações séricas do IGF-I e do IGFBP-3 não parecem ser bons marcadores da secreção circadiana do GH. Aos 6 meses observou-se uma correlação negativa do IGF-I com a AAC de glicose nos três grupos (EC + AMP: r= -0,42, p= 0,06; EC: r= -0,58, p= 0,007 e C: r= -0,64, p= 0,01). O IGFBP-3 e a AAC de glicose apresentaram correlação negativa no grupo EC (r= -0,45, p= 0,04) e tendência no EC + AMP (r= -0,42, p= 0,06). A associação do AMP determinou o aparecimento de ITG em 30% das pacientes do grupo EC + AMP (n= 6). Nossos dados sugerem uma interação entre o metabolismo dos carboidratos com o IGF-I e o IGFBP-3. Os efeitos gerados pelo emprego prolongado da TRHM contínua na regulação do GH, IGF-I e IGFBP-3 ainda necessitam elucidação.

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-27302001000400012&script=sci_arttext